terça-feira, 18 de novembro de 2008

O dia em que quase fui molestado

Ninguém mais está seguro em Curitiba. Desde o caso Rachel, menina encontrada morta em uma mala na rodoviária - que por sinal é na esquina da minha casa - da cidade, virou moda abusar de criança por estas terras. Já perdi a conta de quantas ocorrências semelhantes aconteceram. É como minha namorada diz: "Logo, logo tem jornal com editoria entitulada 'Mortes infantis da semana'!". E com razão. Não importa mais se você é uma menininha bonitinha de 9 anos, ou um marmanjo feio de 20, os maníacos estão à solta na cidade do pinhão!
Eu mesmo quase fui vítima de um tarado no último final de semana. Estava sentado em frente a uma banca de revistas no Mercado Municipal enquanto esperava a patroa chegar. Estava lendo, inocentemente, um livro para a faculdade quando um tiozinho, com uns 60 anos, se aproxima de mim e pára em frente à parede com revistas. Ele tentava falar algo pra mim, mas como eu estava ouvindo música, não entendi nada do que ele tentava me dizer. Retirei os fones e me aproximei para tentar compreender o que ele falava - eu tenho pena de velhinhos. Sempre paro pra conversar com eles, não importa o quão loucos pareçam ser - e me arrependi profundamente.

- Revista de homem pelado! Revista de homem pelado! Onde compra? Onde compra?

Eu devo ter um imã que atrai gente bizarra. É a única explicação que encontro pra viver encontrando esse tipo de pessoa. Ele ficou ali, parado, olhando pra mim com uma cara bizarra. Se fosse um maníaco normal, dispararia um olhar de "Hmm, vamos lá em casa. Vamos jogar um Mario Kart... vrum vrum", mas não! Era uma cara de velho louco e safado, igual quando aquele seu vizinho fica olhando a moça do prédio em frente se trocar. Com o diferencial que eu era a tal vizinha, e estava vestido.
Expulsei-o de perto de mim e voltei a ler, agradecendo a Deus por ter me livrado de mais um louco. Foi quando o vi saindo da banca com um envelope pardo na mão. Não agüentei e comecei a rir. E não é que o velho realmente comprou uma revista?
Não sei o que diabos passou na cabeça do velho, mas, para meu desespero, ele veio em minha direção apontando o envelope.

- Comprei! Homem pelado! Homem pelado!

Naquela hora me bateu um pânico. E se o dono da banca me visse falando com o velho marotão que acabara de comprar uma G Magazine? Aposto que, ou acharia que me aproveitei do louco pra comprar algo que a vergonha me impediria, ou acharia que eu era o "comes" do tiozão, que também não facilitava, e continuava a falar "homem pelado!" em alto e bom som.
E se ele decidisse me atacar? Eu poderia muito bem me defender, mas o que as pessoas fariam ao ver um cara betendo em um indefeso senhor? Com certeza não dariam a mínima para aquela revista com um cara de jiromba de fora e eu seria linchado ali. Eu não queria apanhar de desconhecidos, mas também não queria prolongar aquela conversa. Tratei logo de expulsá-lo e, graças a Deus, ele obedeceu. Ao menos era obediente.
Seguiu seu caminho, com o envelope embaixo do braço e repetindo, em meio a risadas marotas, "Homem pelado... homem pelado...", enquanto eu ligava, desesperado, para pedir pra minha namorada chegar logo. Não queria continuar ali, correndo o risco de anoitecer em alguma mala em um local qualquer de Curitiba.

Um comentário:

Unknown disse...

uhauhuhauha
aposto que alguém vai achar seu blog procurando por "homem jiromba de fora".