sábado, 10 de outubro de 2009

Esaú e Jacó

Isaac e Rebeca tiveram dois filhos: Esaú e Jacó. O primeiro, mais sério e dedicado a seus afazeres, sempre fora o preferido do pai, enquanto o caçula sempre teve a atenção da mãe, apesar de sempre trazer descontentamentos para a casa.

Quando crianças, quando ainda frequentavam juntos a pequena escola da cidade, era o primogênito quem trazia sempre as melhores notas. Amava os livros e sempre recebia elogios de seus professores.

Jacó, por outro lado, não valorizava em nada os estudos e suas notas eram quase sempre abaixo da média. Quase analfabeto, se importava mais em brincar e montar coisas do que com aquilo que seus pais queriam que ele fizesse. Ainda assim, eram dele as histórias de filho perfeito que Rebeca contava para suas amigas.

Enquanto o defeito de Jacó era ser relapso e irresponsável, o temperamento explosivo de Esaú era o que sua mãe jogava em sua cara desde cedo. Como toda criança, os dois irmãos brigavam, muitas vezes por coisas bestas, e Rebeca sempre vinha ao auxílio de Jacó. "Maldito seja! Criatura ruim e egoísta! Há de pagar por tua ruindade!". Isaac, já de idade avançada, preferia assistir de longe, sem interferir. Das poucas vezes que tentou defender seu primogênito, sofreu com a língua ferina de sua esposa.

O tempo se passou e a situação continuou a mesma: Rebeca protegendo Jacó e acobertando seus defeitos, enquanto Esaú viva à margem em sua própria casa e, quando se entendeu por homem, despediu-se da casa de seus pais. Com a partida do filho mais velho, o caçula assumiu de vez a posição de filho amado que sua mãe tentava passar, e ambos envenenavam a imagem de Esaú para o velho Isacc. "Veja só, amado pai! Meu irmão vem à tua casa e não lhe dá a devida atenção!", "Sim, meu marido! Nosso filho mais moço tem razão! Veja como Jacó te ama e compare com a indiferença de Esaú! Ele não ama a ninguém além dele". E muitas vezes Isaac chorou, acreditando na palavra dos dois.

Apesar disso, Esaú ainda amava a seus pais e a seu irmão. Sempre os visitava e convidava-os a visitar sua morada, na capital da província. Como a vida na cidade grande fez com que se tornasse uma pessoa fechada, o fato de ter um temperamento explosivo fez com que sua mãe e irmão tivessem argumentos para envenenar a cabeça de Isaac.

Quando Jacó se casou com Raquel as coisas mudaram. Esaú passou a ver a verdadeira face do irmão mais jovem. A esposa fizera com que a máscara caísse e revelasse o quanto ele era ruim. Quando saiu da casa do patriarca, levou tudo o que havia dentro de casa e saiu sem se despedir do velho pai, que chorou sua falta por semanas. Esaú então se revoltou com o descaso do irmão e foi pedir satisfação para a mãe, que o recebeu os gritos: "Caim! Como ousa trair teu irmão? Cresceste, mas tua índole continua má".

O tempo passou e Jacó continuou com o descaso para seu pai e também para sua mãe, que passou a criticá-lo para Esaú, mas ainda assim o defendia quando estava por perto.

Certa vez, Esaú visitou seus pais e levara afazeres de seu trabalho para casa. Chegando lá, não encontrou suas ferramentas: Jacó havia dado de presente para o sogro. Esaú enfureceu-se e fora reaver o que era seu por direito. Apesar de ser conhecido pelo seu temperamento, controlou-se a respeitou a casa que não era sua. Apesar disso, não fora o suficiente para Jacó, que correu chorando (apesar de homem feito) para o colo de Rebeca. "Mãe, meu irmão é animal! Chegou à casa de meu sogro com pedras na mão e fogo na língua. Nunca fui tão envergonhado". Indignada pelo que supostamente fizera a seu amado filho, Rebeca insultou Esaú com todas as palavras ofensivas que conhecia. Expôs claramente sua preferência ao filho mais jovem e sua vergonha por ter gerado "uma criatura tão má e sem coração quanto este a quem chamava de primogênito". Esaú tentou dizer que não fora Jacó havia contado, mas Rebeca não confiava em suas palavras. Insultado pela desconfiança da mãe, Esaú partiu para nunca mais voltar àquela casa. Despediu-se de seu amado pai e partiu. Nada mais foi relatado sobre ele.

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